Em Portugal, a pobreza continua, de modo geral, a ser entendida como fenômeno residual e periférico Os programas de combate à pobreza têm sido, igual e maioritariamente, residuais e periféricos São residuais, na medida em que constituem um acrescento marginal às políticas econômicas e sociais; e são periféricos porque não atingem os factores estruturais que residem na sociedade dominante (mainstream society) Este é um livro sobre problemas estruturais da sociedade portuguesa A «fragilidade» estrutural da sociedade portuguesa ressalta bem evidente no estudo longitudinal da pobreza em Portugal Com efeito, durante pelo menos um dos anos do período entre 1995 e 2000 passaram pela pobreza 46% de portugueses Entendem, pois, os autores que esta deve ser uma dimensão de referência de qualquer plano de combate à pobreza em Portugal, dado que este é um fenômeno seguramente mais extenso do que o retrato instantâneo captado pelas taxas de pobreza anual Atendendo à quase manutenção ou redução diminuta da taxa de pobreza em Portugal durante as duas décadas de integração europeia, parece evidente que os consideráveis recursos públicos e privados despendidos durante esse tempo não atingiram as verdadeiras causas da pobreza É, pois, chegado o momento de uma séria reflexão sobre o assunto A precariedade laboral, embora factor de vulnerabilidade acrescida à pobreza, não constitui traço característico da situação laboral da grande maioria das pessoas pobres, pelo que, a este nível, as causas da pobreza devem ser procuradas em aspectos mais profundos do mercado de trabalho Por outro lado, são fundamentais medidas decisivas e eficazes que permitam eliminar ou reduzir drasticamente a situação de pobreza dos pensionistas, que representam um terço das pessoas pobres em Portugal O estudo põe em evidência que a pobreza, enquanto problema persistente da sociedade portuguesa, exige soluções que dependem não apenas de políticas sociais, certamente indispensáveis, mas também da política econômica.
Imagens Meramente Ilustrativas.