Sombra das manhas

Tateou a escuridao a procura de algo para se apoiar. Escorou-se no que primeiro ela julgou ser uma coluna, mas depois confirmou se tratar de uma escultura o busto de um homem. Tocou o pescoco, a curva sutil dos maxilares e os lobulos pontiagudos das orelhas. No contato com a nuca, ela deduziu que a cabeca da escultura estava coberta com um chapeu ou algo semelhante a uma touca. Ela soltava a nuca e recolhia os bracos a medida que os dedos deslizavam pelo rosto o nariz tinha as asas gordas, a base com as saliencias como dois graos de jeijao enterrados nas covas fundas das bochechas. Descreveu com o indicador a circunferencia das orbitas os olhos deviam ser pequenos e redondos como os de um gato. Desceu com o indicador e atravessou o nariz em direcao ao queixo. Chegou a base da escultura, em uma placa metalica gravada. Deslizou a pele pelo alto relevo das letras, pulou da primeira para a segunda inscricao e guardou mentalmente a ordem das vogais e consoantes. No instante em que ela des